segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Episódio XX

Os decotes de S. deixam ver uma profunda cicatriz.
Um dia olhei-a fixamente. Era uma cicatriz rosada que percorria o externo e se afundava por entre o peito. A cicatriz era quase hipnótica. Ocorreu-me que seria por ali que se abririam as carcaças humanas nas autópsias. E uma mão clínica chafurdaria nos órgãos, no sangue e nos fluidos anteriormente selados. A cicatriz tinha uma pele brilhante e parecia frágil. Como uma entrada desprotegida com caminho directo ao coração viscoso e palpitante.