Os decotes de S. deixam ver uma profunda cicatriz.
Um dia olhei-a fixamente. Era uma cicatriz rosada que percorria o externo e se afundava por entre o peito. A cicatriz era quase hipnótica. Ocorreu-me que seria por ali que se abririam as carcaças humanas nas autópsias. E uma mão clínica chafurdaria nos órgãos, no sangue e nos fluidos anteriormente selados. A cicatriz tinha uma pele brilhante e parecia frágil. Como uma entrada desprotegida com caminho directo ao coração viscoso e palpitante.
2 comentários:
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em Gent
Cara Catarina, um texto brilhante, como já é hábito
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