quinta-feira, 3 de maio de 2007

Episódio II.1 (Chaves do Areeiro)

A porta não abria.
Chamem os bombeiros! Chamem os bombeiros! Mas ninguém chamou.
Bati, e como ninguém respondesse, espreitei pelo buraco da fechadura. Um olho que espreitava do lado de lá, pestanejou por momentos.
– Não abre? – perguntei.
– Não abre. – confirmou com um sopro.
– Experimente com a chave. – insisti.
– Não tenho. – disse-me.
– Então como é que entrou?
– Não entrei. Ainda estou cá fora.
– Tem a certeza? – perguntei confuso.
– Tenho. – respondeu no mesmo tom.
– Bom, – disse-lhe ainda – nesse caso é melhor chamar o senhor os bombeiros.
– Tem a certeza? – perguntou-me.
– Tenho. – soprei-lhe indignado.
O olho desapareceu e não voltou durante muito tempo. Uma brisa corria agora livremente pelo pequeno orifício.

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